15 de setembro de 2013

Coisas pequeninhas

A vida realmente vale a pena pelos detalhes. Com a correria do dia a dia, acabamos não prestando atenção aos detalhes, e esse é o erro. Focar neles é melhor do que qualquer terapia. Ocupa a mente com coisas boas, relaxa e só faz bem.

Digo isso porque também tenho correria diária, mas tenho a bênção divina de trabalhar de frente para uma janela, na altura de copas de patas de vaca sempre floridas. Como se não bastasse, os beija-flores estão ali o dia todo! São tão lindos! Desordeiros, brigam uns com os outros - e até com os zangões, abelhas e besouros, coitados! - o tempo inteiro, mas muito lindos! Quase sempre os micos-estrela também dão o ar de sua graça e faturam umas bananinhas.

Outra coisa linda são os sebinhos folgados que vêm todos os dias à varanda do meu doce lar para tomar banho no pratinho de água da minha azaleia. Que algazarra! Jogam água para todos os lados, mergulham, chacoalham os rabinhos, um encanto! Quando é época, essa azaleia está florida e fica linda! Às vezes é a miniatura de rosa, mesclada de rosa-choque e branco, o cacto triangular ou a flor de cera.

Mas agora estou de férias e estou vendo quanta coisa não percebo no stress diário. Tenho olhado mais para o céu, para a lua, para as estrelas. Tenho reparado no jeito e no carinho dos amigos. Tenho ouvido meus cantores favoritos e me deixado encantar por suas vozes. Tenho lido, tenho escrito, tenho estudado. Também tenho visto quanto tempo se pode perder com facebook, sendo que se poderia fazer coisa bem melhor. Isso sem falar em televisão.

Hoje eu tive um dia ótimo, com boa companhia, bom vinho, boa comida, bom papo, boa música, boas risadas... Nada de luxo, nada de sofisticação, só a simplicidade e ternura da felicidade. A verdade é que todos temos vários motivos para agradecer todos os dias. Todos temos percalços, uns maiores, outros menores, umas pessoas têm mais, outras menos. Mas todos temos.

Termino este texto com as palavras do kabbalista Yehuda Berg, que me foram sincronicamente enviadas hoje por um amigo:

"Independente do que estivermos pensando, se pararmos um instante para focarmos nas bênçãos em nossas vidas, descobriremos que sempre existe um motivo para sentirmos gratidão. O próprio ar que respiramos todos os dias é uma dádiva!
Uma atitude de gratidão vem da compreensão de que todos nós temos problemas, mas não temos todos os problemas."

Namastê!

11 de setembro de 2013

Sobre oxigênio e vida

Não, este não é um texto científico, embora fale de oxigênio e da importância do mesmo para a sobrevivência humana.

Este texto existe porque li uma frase engraçada do Dr. House, que era “As pessoas dizem que você não vive sem amor. Eu acho oxigênio mais importante”. Eu ri, confesso! Foi divertido, compartilhei e tal. Mas logo depois percebi que era tão engraçado quanto falso. Sim, o oxigênio é vital. Porém não se vive só de oxigênio. Até porque ele é oxidante, melhor dizendo, a queima necessária de O2 pelas células libera os famosos radicais livres que danificam tanto nosso organismo. O que significa que ele parcialmente te mata.

Bom, também não se vive só de água, nem só de comida. Fora que esses também podem te matar (a vida oscila no equilíbrio). E eu também acho. Na verdade, vou mais além e ouso quase concordar com a primeira frase do House. Digo “quase” porque eu acrescentaria um “sobre” ali. Quero dizer, você não vive sem amor, você sobrevive sem amor. Porque viver pressupõe algo mais amplo, mais completo, pelo menos para mim. Sobreviver é diferente de viver. Eu, piscianamente, talvez nem sobrevivesse sem amor.

Embora eu esteja voluntariamente solteira, fechada para balanço, isso não será permanente. Tenho um lucro, um banco de amor que, graças aos Deuses, amealhei durante bons anos. Ainda tenho saldo e estou vivendo dele. Quando acabar, buscarei mais. Sem, completamente sem, não dá para ficar. Eu preciso de amor, assumo. Não me orgulho, tampouco me envergonho disso. Sou assim. Acho inclusive que esse é o mal do mundo: falta de amor. A demanda (inconsciente até) é grande, muitos buscam, porém não sabem oferecê-lo. E estamos como estamos.

Logo precisarei renovar meu estoque, preencher novamente meu armazenamento de amor. Só que também gosto de oferecê-lo. Preciso. É tão bom! E nem é difícil. É só derreter o gelo, investir atenção, respeito, carinho e... tcharan: o amor está pronto para servir. Brindemos: tintim!

14 de março de 2013

Carta para um Coração

Ando cansada de facebook. De novo. Já fiz, desfiz, refiz... Só que, hoje em dia, as pessoas olham muito mais o facebook do que o email e, em geral, é até mais fácil do que o telefone. O único motivo pelo qual eu não chuto o balde e desisto do bendito perfil é porque tenho muitos amigos que moram longe de mim. Alguns deles volta e meia brindam a rede social com pérolas como esta, do Emanuel J. Santos, meu grande amigo do blog Conversas Cartomânticas. Este poema dele me disse muito, por isso posto aqui. Emanuel, querido, obrigada!

"CARTA PARA UM CORAÇÃO (o meu)

Coração, querido,
Hoje eu decidi te ouvir mais um pouco.
Direito
Não vou ficar fugindo de você.
Eu sei que você fala baixo e detesta gritaria,
Então eu vou me aproximar devagar com ouvidos atentos.
Não se assuste.
Tenha paciência comigo.
Eu sei que é um pedido demasiado arrogante, já que você sempre esteve aqui dentro.
Mas hoje, e só hoje, me dê uma chance.
Eu vou te ouvir.
Eu acho que estou pronto para isso.
E, se não estiver, que você entenda que eu tentei.
Sem desculpas, sem apelos, só eu e você.
Eu aqui, e você aqui dentro.
Um.
Por um dia.
E por todos os que haverão de vir."

9 de fevereiro de 2013

Amor de Estrela

Hoje estou fazendo arrumação de fim de semana, depois de mal aguentar olhar pro meu quarto depois de tê-lo largado de 2a a 6a. Fui organizar meus - inúmeros - livros e tinha 2 da CBJE com um texto meu publicado em cada.
Este poema de hoje foi muito especial na época em que foi escrito. Paixãozinha de juventude misturada com fantasia. Hoje em dia não gosto dele, acho muito "Sandy e Junior", muito superficial, muito confuso. Mas foi um tempo feliz, por isso resolvi postá-lo. É sempre bom relembrar momentos bons. Tanto porque a gente acaba revivendo um sentimento gostoso, quanto porque a gente atrai aquilo ao que dá atenção. Então bora dar atenção ao que é bom: alegria, juventude, inocência, frescor, sonhos! Acho que eu não tinha colocado aqui antes. Assim espero pelo menos!
Ele está no "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos 68", de agosto de 2010. Chama-se "Amor de Estrela". Até o nome dele me enjoa hoje! rs Enfim, honrarei os bons tempos. Vamos lá!

"Duas estrelas, uma do céu,
outra do mar, se apaixonaram
Paixão impossível aos olhos dos homens
mas tudo é possível aos olhos de Deus
Encontravam-se à noite quando o oceano
refletia o firmamento
Estrela-do-céu e estrela-do-mar
Quem foi que disse que não aconteceria?
Meu coração é livre e procura o teu
Mas teu coração, apesar de querer o meu
anda ocupado com outro coração
que, pelo tempo, se acostumou a ter ao lado
Por respeito, amizade e consideração
teu coração fica cismado
de deixar livre o outro coração
que pensa prender o teu
com o mesmo amor que imagina corresponder
Não é culpa tua, não é culpa dele, nem mesmo minha
O amor acontece sem que se espere
E aconteceu para nós
Outro coração há de conquistar
este coração que se prende ao teu
Meu coração de estrela-do-mar
espera o teu, de estrela-do-céu
para, num reflexo perene,
se encontrarem e assim ficarem
até que nossas luzes se apaguem
para este mundo"

4 de janeiro de 2013

Voltei a ser eu!


Achei que caberia um post para comentar o texto da Rhadra, "Amor Inesperado". Afinal, a proposta do blog é trocar com os pares, revelar ideias...

Não sei nem por onde começar... São muitos os "não acasos" acontecidos com esse post, com esse novo perfil da "Flor"...

Vou começar pelo perfil:

Eu e Deh, minha amiga aqui da casinha da Tijuca (que chamamos de Vênus, nosso planeta inspirador), passamos por uma fase muito parecida, na verdade estamos em sincronia, e em uma de nossas conversas, refletimos sobre como devemos "ser nós" para nos impor diante das nossas emoções e das pessoas. Esse "ser nós" (ser eu) significa nos mostrar para o mundo, sem amarras, livres... digamos assim... E esse pensamento ficou muito marcado em nossas atitudes.

Bem, para concretizar esse momento, o universo sinalizou que estamos no caminho certo. Em nosso amigo oculto de fim de ano, que é o amigo oculto do desapego, temos que dar uma coisa nossa, nos desapegar. Tirei a Deh. Não sabia o que dar. E na procura sem frutos, me deparei com um livro que é uma coletânea de crônicas da Clarice Lispector, "A descoberta do mundo". Folheando o livro, caiu um marcador de página que era uma pintura da Monalisa. E a Deh, para nós amigos, tem a expressão da Monalisa, sempre é lembrada por isso. Na mesma hora percebi que esse seria o presente. E quando fui ver qual era o texto que estava marcado, fiquei mais certa ainda, "Se eu fosse eu", que reproduzo ao final deste relato.

Nem preciso dizer que 2013 entrou com esse propósito de "sermos nós".

E quando venho ler o novo post do blog, me deparo com o novo perfil de "Flor", agora Rhadra, que diz: "Voltei a ser eu!". Acaso? Não, não... É o não acaso. É o simbólico. É a vida se mostrando nas sutilezas.

Já os outros acontecimentos, acho melhor deixar para depois. A estória ficou longa demais!


Se eu fosse eu
Clarice Lispector

Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase “se eu fosse eu”, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou se ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.

“Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova do desconhecimento. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.

3 de janeiro de 2013

Amor Inesperado

Hoje tive um dia ótimo! Com pequenas chatices pertencentes ao ranso de 2012 que ainda paira até quase o fim de março, é verdade, mas foi um ótimo.
Senti algumas saudades. Saudades de pessoas, saudades de épocas boas, saudades de risadas que dei e que me encheram de alegria. Senti especialmente saudade do amor hoje. Ele anda por perto, nunca me abandona, mas está sem se aproximar muito por esses dias. É triste querê-lo e não poder tê-lo ao alcance das mãos. Porém conforta vê-lo nos arredores e saber que em breve estará me aconchegando novamente em seus braços.
É por causa desse sentimento de saudade do amor que posto hoje o poema do meu primo Cássio Fonseca, publicado pela CBJE. Esse texto saiu junto com o meu (Escolhas da Vida) no livro "PrimaVersos", de setembro de 2010. Acho um texto leve, gostosinho, agradável. O título dele é o título dessa postagem "Amor inesperado". Segue abaixo:

"Quem é que me acena daquela janela?
Não sei se é Rita, não sei se é Estela...
Mas respondo ao aceno com entusiasmo.
Chego mais perto e escuto meu nome.
Não reconheço a voz que me chama.
Seria Beatriz? Seria Juliana?
Apuro meus ouvidos, foco minha vista.
Ela se debruça no parapeito,
abre seus braços, me abraça no ar.
O sol da tardinha lhe cobre de luz.
O vento revolta seus longos cabelos.
Enquanto me olha com meiga nobreza.
Enquanto sorri com tamanho frescor.
Parece bailar como um beija-flor.
Mas é uma rosa, e é a mais bela.
Ainda não a conheço, mas tenho a certeza.
Que é o amor que de longe me espera."

3 de dezembro de 2012

palhaço


representando o palhaço eu fujo
coloco o sorriso no rosto como máscara
e finjo
me dou para o mundo
em amores amarelos
em sorrisos largos
em passos vibrantes
e danças que marcam o chão
distribuo promessas de alegria
e a eternidade de gargalhadas cintilantes
venham todos
venham viver o rabisco desse picadeiro
que falta tinta
e apresenta encantamentos em ilusão
que distrai o rei
confunde a corte
senhoras e senhores
eis o palhaço em cena
venham todos ver o circo
que é a falta de amor

23 de novembro de 2012

Notícias Suas...




Bom dia! Já faz tanto tempo... Que hoje ao levantar da cama só pensava em você! Não sei o que era ao certo. Não era bem saudade a palavra certa a se descrever. Era mais lembranças dos dias que saímos juntos, eu, você e os outros. Para dançar, ver um cinema ou até jogar conversa fora como de costume.

Corri, corri, corri...  Para começar mais dia. Banho, café, sapato. Estou pronto! Agora correr para o ponto de ônibus. Então! Entro no bus e fico a imaginar coisas do nosso dia-a-dia que já foi. Não é mais pela distância. Eu aqui, você ai. E os outros... Os outros, nós todos, todos nós.  Agora, cada um com um compromisso, uma parte ainda próxima... Outra parte distante. Nem mesmo o celular ou o e-mail está nos ligando... Ponta a ponta como deveria ser.

É por isso que pensei em voltar a um tempo mais atrás. Onde já que eu não poderia ver você, eu escreveria, falando de mim: Do que se passou nessa ausência de nossas cabeças. E ao mesmo tempo lhe diria tudo que há de novo em meu dia-a-dia. Querendo respostas suas sobre tudo isso... Que acabaria de lhe contar nas linhas do papel rabiscado a mão, por lápis ou caneta.

E é claro! Contaria os dias... Para receber a sua carta como resposta da minha. E saber de você. Quais as suas novidades. O que fez? O que tem feito! Se ainda está só... Ou Se já constituiu família?
Não sei.
Notícias suas... É tudo o que quero.

Tiago Felix.
Recife. 02.07.2012

19 de novembro de 2012

Rosa

Hoje uma amiga do facebook fez um comentário que era o título de um poema que já postei aqui: "Saber e querer". Passei o link do blog, ela leu, se emocionou, disse que sentia como se ela mesma tivesse escrito cada uma daquelas linhas. Fiquei super feliz, conversamos um pouco e deu saudade do blog. Então vim postar um poema que é bem curtinho, mas do qual gosto muito.
Fiquei pensando nas coisas simples da vida. Nas oportunidades que ela me trouxe e que eu aproveitei. Nos momentos bons. Esse é um poema fictício, que fala da rosa. Não é à toa que meu pseudônimo aqui é Flor. Amo flores. Não sei se tenho uma preferida. Amo as rosas, mas também amo as tulipas, margaridas, orquídeas, campânulas... Também amo as árvores que dão flores, como o Jacarandá Mimoso, Mulungu, Ipê, Acácia... Por isso digo que o poema é fictício. Mas é verídico na mensagem que ele carrega.
Esse poema foi escrito em um período de saudade mesmo. Por isso tem esse fundinho melancólico. Hoje eu estou feliz. Ainda bem que o tempo triste passou...
Acho que toda mulher ama flores. Eu ganhei poucas ao longo da vida. Quero ganhar mais. Acho bonito, delicado, de muito bom gosto. Mas não posso reclamar, as que ganhei foram muito significativas! Como é bom receber flores!
Este poema foi publicado no livro "Versos Verdes" em 2010, pela CBJE.

Rosa

Eis aqui a rosa
minha flor preferida
não é orquídea
nem é margarida
não é opulência
nem é simplicidade
mas aplaca a carência
e a dor da saudade

1 de outubro de 2012

raízes voltadas para o ar

minhas raízes são voltadas para o ar. no contraditório oferecido pela vida, criei devaneios em me largar pelo mundo, vivendo de nuvens que refletem para o dia cores do cotidiano diverso na loucura do ocidente. pairando sobre um pedestal para vislumbrar os caminhos que podiam ser traçados na imensidão das matizes ensolaradas, criei devaneios que me levavam para todo lugar.

devaneios que me conduziam através de linhas invisíveis e paralelas. daquele pedestal eu enxergava o mundo e mesmo tendo sensações abstratas em vôos de pássaros agudos, quando me vi diante da terra e de seus satélites artificiais percebi que havia criado raízes.

ah devaneio tolo. como é possível voar tendo criado raízes? o que enxergara até então era a linha oposta a que eu caminhava. criei raízes. pisando o chão da loucura do ocidente, vivia no ar que espelhava meu avesso. ao final dessa imensidão de sensações indefinidas, percebi que minhas raízes são voltadas para o ar.